segunda-feira, 4 de julho de 2011

a forest bird never wants a cage

Já havia um tempo desde quando ela deu os primeiros passos tortos entre as folhas secas e aberto seus novos olhos para o mesmo velho mundo que agora era tão cheio de elementos encantadores . . . e ilusionistas.
Mas estaria eu contando essa história de trás pra frente?
Como tudo sempre começa pelo amanhecer, foi com os seus raios que podemos descrever cada pecinha do que era seu mundo. Estava onde sempre esteve, em sua dimensão paralela, intacta, como gostava de dizer. Perfeitamente posicionada como um troféu, como uma boneca de coleção empoeirada, cheia de seus velhos e indefectíveis detalhes. Examinando mais uma vez todos os laços, todos os arabescos, todas as rosas, todas gotas fossem de chuva, lágrimas ou orvalho . . . tudo que ornamentava sua assustadoramente linda gaiola.
Assustadora.
"Foi uma aventura e tanto", pensou . . .
Havia acontecido tanta coisa que era uma exaustão só de pensar em organizar tudo cronologicamente. Mas por outro lado, ela sempre se recordava de cada detalhe como fragmentos espalhados em sua memória . . . gostava até . . .
Desde pequena sempre acreditou que tinha tudo do que precisava e que não queria saber de outra coisa. O mesmo coraçãozinho voluntarioso e orgulhoso que se contentava com toda beleza que vinha de fora . . . achando que era mais seguro ver tudo de longe, dentro da redoma. Porque então sempre faltava alguma coisa?
Sem saber o que poderia ser ou se revelar, desatou o laço e se livrou de todos os pássaros. Saiu perdida e desnorteada, não passando de uma boneca de estimação maltratada, exatamente como um pássaro de cativeiro, indefeso e perdido no meio da floresta.
Perdido, mas feliz.