quarta-feira, 27 de abril de 2011

There's nothing left here to pretend

Os passos eram tão apressados, quase desesperados no meio daquela floresta escura que ela mesma tinha criado . . . Como se tudo pudesse quebrar ou desaparecer.
Mesmo assim, aquele sempre fora o melhor esconderijo. E agora parecia que era somente tudo o que havia sobrado.
Só depois de tanto caminhar, ela mal podia acreditar no que via: a mesma menina sentada entre as mesmas árvores.
-"Ah, finalmente! Estava demorando tanto que achei que não fosse mais voltar."
-"Eu sempre volto e você sabe disso . . . Mas e você, o que estava fazendo?" Disse a menina.
-"Eu estava fazendo o que sempre faço nas horas vagas . . . Procurando a mim mesma. Ou seja: procurando por você."
Ela parou diante de seu próprio rosto e conseguiu claramente enxergar todas as alterações. Coisa que ninguém mais poderia fazer tão bem.
-"Vamos, deixe-me ver esse corte."
-"Foi só mais um arranhão como qualquer outro."
-"Mas dói . . . e você sabe disso."
Elas passaram longos minutos em silêncio, como se pudessem ver através de si não só os últimos meses, mas sim, toda uma vida e todos os relevantes e insignificantes pensamentos que passaram por suas mentes ao longo de todo esse tempo. Ela sabia que a menina sofria por muitas coisas que fugiam de sua compreensão.
-"Eu voltei . . . mais pela necessidade de entender . . . por que é que eu não consigo mais sonhar? Como se minha mente tivesse cheia de espaços escuros e vazios."
A resposta estava na ponta da língua e ninguém responderia melhor do que ela:
-"Você não sonha porque não espera. Não espera mais nada de nada e nem de ninguém. Você sonhava porque não conhecia o fim da história. Não sabia como era sentir o que sentiu. Agora você já pode esquecer todas folhas, todas as palavras, todos os filmes e todas as descrições. Você não estava sonhando. Estava vivendo. E na vida real a gente não voa quando se joga de um prédio . . . a gente cai . . . e dói."
Aquilo parecia ter sido mais que o suficiente . . . Mas ainda havia tanta coisa . . .
-"E o que a gente faz com olhar de piedade?"
-"Devolve, ué! A gente nunca precisou disso."
E Assim se passou uma eternidade, que na realidade não tinha durado mais que alguns minutos. Porque não havia nada melhor do que acreditar em quem mais conhecia seu coração. Esse era o seu verdadeiro oráculo. Sempre foi e sempre havia sido: imperfeita, infantil e voluntariosa . . . assim como sua imagem e semelhança.
Então, foi só depois de um tempo que a menina pôde perceber:
-"As cortinas estavam abertas quando eu fugi . . . eu preciso voltar, todo mundo deve tá procurando por mim."
-"Você vai voltar . . . na hora certa. Mas agora, você não acha que está precisando de um tempo pra mim? Ou seja . . . pra você mesma?" Ela segurou sua mão e sorriu. "Lembre-se: você não sonha, eu não sonho. Você cai, eu caio. Você submergi e eu também vou junto . . . Nós não precisamos mais afundar. Nunca mais. Este é só o começo."
Então as duas passaram a caminhar juntas, de mãos dadas entre as mesmas árvores e cascalhos. Entre o mundo que construíram através de sua essência.
As duas metades do ser mais contraditório do mundo já se fundiam em um só corpo . . . lá longe. . . Caminhando na neblina.

Um comentário:

  1. Own *.* É bem isso que acontece mesmo. Quando a gente gosta, aquele gostar de verdade mesmo, sabe?! Pois é, quando a gente gosta assim qualquer 15 segundos juntos parece se transformar numa eternidade. Acreditamos não existir ngm melhor. Confiamos apenas nele(a), dedicamos e construimos nosso futuro ao lado da pessoa, e mais, achamos que vai ser pra sempre. Aí vem a realidade e nos mostra o outro lado, aquele que antes não conhecíamos. Tudo acontece com um propósito. Nada acontece por acaso. Independente de qualquer fase da história que você viva, digo-lhe que quero estar ao seu lado. FILHA ♥

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