domingo, 8 de maio de 2011

Tita'...

Nunca gostei de gatos . . . Acho que poderia começar assim.

Quando a gente se vê dentro do mesmo quadro velho, emoldurado . . . como se tivesse voltando pra onde sempre esteve. Nada era diferente, eu já conhecia a sensação de todas as cores se esvaindo aos poucos do mundo que estamos acostumados a enxergar.
A tristeza é bonita de vez em quando. Mais pra uns do que pra outros. É tudo uma questão de aprendizado e de percepção.
De noite, sentada na mesma escadaria entre tantas pessoas que passavam subindo os degraus, preocupadas com sua própria individualidade.
A mão apoiada no queixo. Aquele velho trejeito que já dizia muita coisa sobre mim.
O desejo era único e simples: ir pra casa. Como se aquilo fosse o fim de tudo, a última página do livro, a resolução de todos os problemas. Quantas pessoas já não sentiram isso?
Era nítido que eu estava esperando algo. Esperando mais do que somente alguém pra me levar embora. Havia muita coisa implícita. Mas ir pra casa era tudo o que eu poderia ter . . . depois de tudo.
E em modéstia parte, aquela estava sendo sim, uma linda tristeza . . . despercebida aos olhos comuns.
Foi quando ela apareceu.
Talvez, o único ser que estivesse enxergando tudo aquilo. Ou somente o único generoso o suficiente pra se aproximar de mim naquele momento.

Dela eu pouco conhecia. Só sabia que era uma filhotinha fêmea, rajada e arisca como todos os gatos. Algumas pessoas riam dela, outras tinham ímpetos de chutá-la ou somente a ignoravam . . . O que não era diferente de muitos seres humanos.

Assim como eu era invisível naquele momento, ela também era. A unica que insistia em me encarar.
Então, por um momento, achando que ela fosse fugir como todos os outros gatos, meus dedos tocaram sua cabeça. Mas ela somente fechou os olhos.
Parecia o suficiente pra aquele momento.
Era como se fosse uma troca daquilo que precisávamos exatamente naquele momento. Sermos notadas.
Entre todas as coisas, a verdade era só essa.
Todos os preceitos que eu guardava em relação aos gatos se esvaíram quase por completo. A gente sempre é ajudada por quem menos espera, como se dizem as avós.

Não existe julgamento e nenhum outro tipo de repreensão. Apenas sinceridade e uma necessidade de afeto mais que necessária. Assim são os animais.
E aquilo havia sido melhor do que palavras. Palavras que eu já conhecia e que poderia dizê-las pra mim mesma sozinha.

Nunca mais a vi depois.

3 comentários:

  1. Own que fofo. Filhotinha da mamys, você escreve muito bem sabia!? Adoro ler você, particularmente esse texto. Gosti demais. :D

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  2. Você é um incentivo e uma inspiração pra mim, mamiiss.. brigada por tudo, por todos os conselhos e pela sua amizade xD

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  3. Awwn *---* fiquei emocionada agora. Conta sempre comigo, tá!? Vou está aqui quando você PRECISAR. Me orgulho mais a cada dia por ser sua mamys, nem que seja de mentirinha, haha. liiiiiinda!

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